No Amapá, um cenário já conhecido por velhas práticas políticas volta a ganhar destaque. A aliança silenciosa, porém estratégica, entre o grupo político da família Favacho e a empresa Search Tecnologia levanta sérios questionamentos sobre o uso da máquina pública para favorecimento privado.

Com contratos firmados com o Detran-AP desde 2019, a Search Tecnologia consolidou-se como uma das principais empresas no setor de registro eletrônico de contratos de veículos no estado. A manutenção dessa posição privilegiada ao longo dos anos contrasta com sua trajetória polêmica em outras unidades da federação, como Goiás, onde teve contrato rescindido por má prestação de serviço.

Um sistema que gira em família

A presença da família Favacho no poder não é discreta. O deputado federal Acácio Favacho (MDB-AP), seu irmão Júnior Favacho (deputado estadual) e o pai Amiraldo Favacho (conselheiro do Tribunal de Contas do Estado) compõem uma tríade de influência que permeia tanto os poderes Legislativo quanto os órgãos de fiscalização.

Essa concentração de poder facilita, segundo analistas locais, a articulação de interesses empresariais camuflados sob contratos públicos, principalmente em órgãos sensíveis como o Detran.

O elo com a Search Tecnologia

Nos bastidores, é dado como certo que a Search Tecnologia atua como “empresa cativa” em processos de contratação dentro do Detran-AP. Fontes internas relataram que barreiras técnicas e burocráticas inviabilizam a entrada de concorrentes, consolidando um possível monopólio informal no setor.

Apesar de não existir vínculo societário direto entre a Search e os membros da família Favacho, o contexto político-administrativo indica uma relação de favorecimento velado. A sequência de aditivos contratuais, a falta de rodadas de concorrência ampla e o silêncio das instâncias fiscalizadoras apontam para um conluio político-empresarial.

Implicações legais e éticas

Esse esquema configura violação à Lei de Licitações (14.133/2021), e se enquadra nos crimes descritos pela Lei de Improbidade Administrativa (8.429/1992), como enriquecimento ilícito, lesão ao erário e violação aos princípios da administração pública.

A sociedade amapaense — e os órgãos de controle — precisam de respostas. A promiscuidade entre empresas prestadoras de serviços e estruturas políticas familiares não pode mais ser naturalizada como prática comum no Norte do Brasil.

O que dizem os envolvidos?

Procurados pela reportagem, nem os representantes da Search Tecnologia, nem os membros da família Favacho responderam aos questionamentos até o fechamento desta edição.

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